Dra. Edith Horibe, cirurgiã plástica, discute a
importância de psicólogos para orientar pacientes antes e depois da cirurgia
O
Carnaval está próximo e a maioria das mulheres exagera na aparência com o
intuito de deixar o corpo mais bonito e para isso elas não medem as
consequências. O importante é destacar as curvas, os seios, o bumbum, o que faz
com que saiam por aí, em busca de cirurgias que deem um resultado rápido.
Mas
até que ponto vale a pena deixar o corpo perfeito? Essa pergunta reacende a
necessidade de antes das mulheres se submeterem a qualquer tipo de cirurgia
plástica devem sempre consultar um cirurgião plástico, que seja membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e com
experiência na área. É importante também informar sobre a clínica em que será
realizada a cirurgia e se dispõe de uma infra-estrutura compatível com a que
almejam.
A Dra. Edith Horibe, cirurgiã
plástica, PhD pela Faculdade de Medicina da USP, expoente em Estética Médica e
em Gestão da Idade, alerta
para o perigo das pessoas quererem um milagre: procedimento rápido e tempo de
recuperação breve. Porém, a pressa e a ansiedade constituem uma grande ameaça
para a segurança do paciente, pois a promessa do simples e rápido não pode
comprometer a segurança, sob o risco de banalizar o ato cirúrgico e esquecer das
medidas básicas, que devem ser tomadas no pré e pós-operatórios.
“Há
a necessidade de se escolher os procedimentos com calma e muita precaução. É
importante que o cirurgião plástico esclareça todas as vantagens e riscos que
envolvem um procedimento cirúrgico. Ter esta noção exata controla emoções e
mitos dando segurança no ato médico, para o paciente e para o cirurgião, que
dará perspectivas do resultado sem uma falsa expectativa”, diz.
Recentemente
veio à tona, o ocorrido com a modelo e apresentadora Andressa Urach, que esteve
internada com grave infecção após fazer a aplicação de 400 mililitros de
hidrogel em cada coxa.
Segundo
o Blog da Sociedade Brasileira de
Cirurgia Plástica, o hidrogel –
substância que tem em sua composição gel e microesferas de poliamida,
semelhante ao plástico – é autorizado pela Anvisa (Agência Nacional de
Vigilância Sanitária), mas não para ser usado na magnitude que foi no caso da
modelo. O hidrogel tem a função de fazer pequenos preenchimentos, como
cicatrizes e preenchimentos na face, que se resolvam com 1 ou 2 ml da
substância.
De
acordo com o Jornal O Estado de S. Paulo,
de dezembro do ano passado, psicólogos veem nos exageros distúrbio relacionado
à imagem, fazendo com que alguns tenham atitudes parecidas com as de pacientes
que sofrem de anorexia ou bulimia. O perigo está nas pessoas enxergarem
imperfeições onde não existem.
A
Dra. Edith Horibe afirma que quem
quer uma mudança radical da aparência, cria alta expectativa em ficar parecida
com os artistas e celebridades, por isso indica o acompanhamento do paciente
com um psicólogo.
A
Dra. Roseli Watanabe de Oliveira,
psicóloga, da Clínica Horibe, alerta para o perigo de ocorrer a frustração,
lembrando que a mídia é um grande meio motivador para a procura de cirurgia
plástica. Só que os padrões de beleza impostos pelas propagandas não se
encaixam às pessoas “comuns”. Nessa situação, o primeiro passo é esclarecer ao
paciente que as fotos publicadas em revistas são fotos fragmentadas. “É
necessário se conscientizar que dificilmente poderemos ser como as imagens
impostas pela mídia”, relata.
Lembra
ainda que a busca pela beleza pode causar problemas e isso acontece quando não
há a aceitação do próprio corpo. A psicóloga cita alguns exemplos, o paciente
que traz uma foto de um artista de TV e quer ficar parecido ou igual a ele, ou
quando quer ter uma aparência de quando tinha 18 anos de idade, sendo que tem
50 anos, aí o papel do psicólogo é fundamental.
Mas, o que é saudável em cirurgia plástica? O que é
excessivo? A Dra. Roseli Watanabe explica que outros motivos
também da realização de cirurgias plásticas são para aumentar a autoestima,
eliminando ou melhorando algo que incomoda e não deixava a pessoa ser completa.
Por isso, parte em busca de uma cirurgia, quando quer melhorar algo que não
está lhe agradando e que de alguma forma isso vai lhe auxiliar a viver
melhor.
A psicóloga conta que quando um
paciente faz uma cirurgia plástica fica muito sensível e muitas vezes surgem os
questionamentos: por quê eu fui fazer isso? Eu precisava mesmo fazer a
cirurgia? E agora, o que eu faço? “Na verdade, nessa hora o paciente se sente
sozinho, por mais que quisesse fazer a plástica surge o medo e a insegurança,
devido a sensibilidade que o indivíduo se encontra. Claro, que sempre há casos
e casos”, afirma.
A Dra. Roseli Watanabe
diz que tanto no pré-operatório, como no pós, é importante a presença do
psicólogo. Primeiro, para saber como está o paciente para a cirurgia, quais são
as expectativas e se realmente é a cirurgia plástica que está buscando. Depois,
é fundamental auxiliá-lo na recuperação, para que ocorra rapidamente. “Neste momento, é o
psicólogo que houve o paciente”.
A psicóloga finaliza dizendo que o momento certo para se
submeter a procedimentos cirúrgicos é quando o paciente quer. Procura-se evitar
em momentos de estresse, quando se está passando por alguma perda afetiva,
pós-parto, por exemplo. “Os casos mais comuns que precisam da intervenção do
psicólogo junto aos pacientes de cirurgia plástica são em separações conjugais,
abandono, depressão, superproteção da família, carência de afeto, etc”.
Para a Dra. Edith
Horibe, a escolha do procedimento a ser realizado deve ser feito em
conjunto médico/paciente. Cabe ao profissional identificar o que o paciente
quer, o que o incomoda, mostrar as opções existentes, os prós e os contras de
cada procedimento, e então escolher o que será realizado. “Prezo em primeiro lugar,
pela segurança e saúde dos pacientes, itens fundamentais que devem ser
priorizados”, finaliza.
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